Posted by on Jul 23, 2012 in Relacionamentos | 2 comments

Os desafetos que carregamos nunca são pessoas estranhas ao nosso convívio, pelo contrário, já fizeram parte de nosso círculo íntimo como amigos, familiares, amores, sócios e parceiros de trabalho.
Somos distraídos sociais (as vezes egocêntricos) e não notamos onde somos abusivos e acabamos exigindo demais dos outros. Perdemos o ponto em que criamos uma rachadura que deixara marcas indeléveis até o rompimento definitivo.
Quando o outro reivindica espaço, atenção, apreço ou carinho ignoramos esses sinais e seguimos em nosso autocentramento emocional. Quando irrompe uma traição, um agravo, um abandono, uma humilhação, uma briga sem sentido achamos tudo desproporcional e reagimos de forma indignada revidando o que consideramos abusivo no outro. Sem notar agravamos algo que poderia não ser tão problemático.
Cada um segue para um lado, começa a fantasiar desagrados, polemizar coisas minúsculas e fermentar um ódio sem sentido.
É como se tivéssemos comido num restaurante ruim e dali para frente passássemos todos os dias atacando uma pedra em sua vitrine. O gosto que se toma odiando é muito grande. Assim como o amor apaixonado o ódio sequestra nossas atenções. Todos os impulsos destrutivos que possuímos e que até então agiam sobre nós mesmos em forma de masoquismo se dirigem para os outros. A mágoa nos distrai de nossos conflitos importantes, afinal é mais fácil atacar o “inimigo” de fora do que encarar a nossa capacidade de produzir dor a nós mesmos.
Ninguém espera aconchego de um desafeto, portanto a magoa pela apunhalada revela um sentimento de carinho interrompido e recolhido.
Num caso amoroso rompido é muito mais “fácil” alimentar o ódio do que enfrentar o fato doloroso “não fomos eleitos, não somos especiais e nem indispensáveis”. Para não vivenciar a tristeza saudavelmente nos apegamos ao ódio. Esse ódio olhado com cuidado revela uma dor preguiçosa que não se ousa superar. [relacionamentos doentios]
Odiar é a escolha covarde de quem prefere gastar seu tempo e energia em atacar, acusar, reclamar sem assumir que sua própria vida está passando em branco. Acusar o ex é mais simples do que assumir o rumo da própria vida.
É como se tivéssemos um novo restaurante ali na frente servindo pratos deliciosos e preferíssemos ficar atacando pedras no restaurante envenenado.
Não é o desafeto que irá apodrecer com seu ódio, mas você que se acomodou na amargura nostálgica. O passado não vai voltar, sinto informar, a capacidade de ser feliz só cabe a você e mais ninguém. Ainda que o outro ajoelhe, peça perdão ou queira devolver o mal feito com algum afeto nada volta ao que era antes. Só o novo pode assumir algum lugar, mesmo que seja a mesma pessoa. [13 dicas para encontrar o amor ideal]
Não é do ódio que trato nesses casos mas do amor escondido atrás da raiva. A realidade dura e silenciosa é que quem desdenha, se pudesse voltar no tempo ainda gostaria de comprar.
Quem dera fosse culpa do diabo ou da pomba-gira, seria mais fácil, afinal escolher pela felicidade é ainda mais complexo do que contra-atacar exu. {mais sobre felicidade]

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