quarta-feira, 13 de junho de 2012


Sinto muito medo de tudo

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Quando escrevi a nota de falecimento do R. eu estava especialmente possuído por um fluxo de vida que me fez confessar algo que eu sempre tentara esconder de todas as pessoas. Eu tenho muito medo. Mais muito medo, de um jeito que me faz as vezes ficar paralisado por horas e dias incapaz de me movimentar para além de mim mesmo.
Imagem autoexplicativa
Eu falei para ele naquela época “Meu caro R. tenho medo, muito medo de tudo. Medo de falhar, fracassar, decepcionar, fraquejar, deprimir até parar com tudo e ficar maluco, as vezes enfrento dias difíceis (na minha cabeça) que penso que não vou aguentar. Mas administro esse medo da seguinte maneira, sei que são apenas medos, nada além disso. Um jeito meio menino de fantasiar as coisas maiores do que realmente são só para que depois eu brinque de super-homem. Afinal quanto maior meu obstáculo, mais eu acho que fui invencível na superação.”
Essa semana lancei meu e-book sobre MÃES QUE AMAM DEMAIS e fiz isso com muito medo. Será que as pessoas vão gostar, será que vão comprar, será que vão me atacar, será que será um fracasso?
Mas uma coisa eu percebi, eu não estou sozinho nessa história. Grande parte das pessoas me confessam todos os dias no consultório de forma aberta ou velada: “tenho muito medo de tudo!”
E temos medo e agimos baseado nesse medo de tal forma que não conseguimos sair do lugar. Temos medo de ser bons naquilo que fazemos, ou temos medo de arriscarmos algo importante e ser um fiasco.
Quanto mais somos dominados pelo medo mais nos encolhemos e menos oferecemos algo de bom para os outros.
Eu pensei (ou meu medo pensou em mim), se esse livro não for bem aceito vou encerrar minha carreira de escritor. Mas depois eu pensei, porque eu faria isso? Sou apaixonado por importunar as pessoas com coisas que elas não pensam sobre si mesmas.
Mas o medo insistiu e disse, ninguém vai se interessar por saber sobre mães que amam demais, você está questionando as mães, você não é mãe, é como falar mal de Deus, vai ser crucificado com o esquecimento dos leitores. E daí! Se eu ficar calado sobre os assuntos que todos querem deixar debaixo do tapete eu vou me sentir fraco, falso e medíocre enquanto escritor.
O medo riu de minha cara e disse, você é uma criança metida a sabixona, volte para o mundinho que você vivia, encolhido e fechado. Mas não me encolhi, porque eu deveria recuar? Afinal se eu recuasse a cada medo que me assaltasse eu estaria ainda na barra da saia da minha mãe.
Ninguém vai comprar, o medo rebateu, as pessoas vão te elogiar de longe, mas ninguém vai pagar por isso. Mas não me deixei sucumbir por essa aflição, porque eu realizei a minha parte, eu coloquei esse filho no mundo, agora cada pessoa vai achar que aquilo serve para algo em suas vidas, não posso controlar o que os outros vão fazer com aquilo que produzi.
Se eu deixar de fazer todas as coisas vou ser engolido pelo medo. E o que é o medo? O medo de verdade nos protege dos leões e dos carros no transito. Esse medo que estou falando chama-se orgulho.
O orgulho de se por a prova e não ser o mais querido, mais amado, mais aceito, mais bonito, mais rico, mais qualquer coisa.
O orgulho travestido de medo é o que corrói nossos melhores dias. Ele que nos impede de amar, gozar, prosperar, sorrir sem motivo e simplesmente ser o que somos. Fantasiado de proteção nossas mães nos educaram a sempre recuar diante do orgulho (em forma de medo) e acreditamos nisso. Viramos filhos mimados pela vida e temerosos de agir na direção da felicidade. Seguimos esse lema covarde por toda uma existência.
Honestamente? Não quero viver meio vivo e meio morto. Quero viver inteiro.
Para que tanto medo? Deixo essa pergunta no ar porque sempre me faço ela quando o orgulho tenta me barrar.
E deixo que você também amem ou questionem o que eu faço na leitura de Mães que Amam Demais [leia aqui]
Ufa, acho que exorcizei um pouco, obrigado pessoal! hahaha

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